Por que um relacionamento por App causa tantos sentimentos e pensamentos disfuncionais? Por que se comportam de maneira que não se reconhecem depois?
Separação, término, rompimento, estamos nos referindo a situações de luto.
Para entendermos o processo de luto, vamos às definições, iniciando pelo dicionário Aurélio: O luto é a tristeza profunda causada por grande calamidade; dor, mágoa, aflição.
Quando começa um contato via aplicativo (tinder, Happn, badoo, lovoo, Adote um namorado, Par Perfeito), começa a esperança de encontrar a alma gêmea. Então, começam os likes, parte trabalhosa de ler perfil, ver fotos, ficar na dúvida… e curtir o perfil. Horas se vão e então, alguns likes vêm seguidos de match, as tão esperadas combinações, que indicam que vocês se curtiram. Mas ainda não acabou a peregrinação, agora o trabalho será conseguir teclar, pois, não dá para acreditar, mas nos aplicativos de namoros, o ranking de reclamações de homens e mulheres é a mesma: Não conseguem conversar. Apesar das muitas combinações, os usuários parecem fantasmas e mudos, ninguém pux conversa ou responde um do que pessoas disponíveis para interagir. Tem aqueles que querem seguidores no instagram, outros preferem as curtidas no facebook, mas conversar ali, on line, é coisa rara.
Frustrações vêm e vão… Mas, os dispostos se atraem! Encontrar alguém com a mesma energia que você é bom, com a mesma intensidade então, é perfeita, diria que quase apaixonante, amor a primeira teclada. Quando acontece um diálogo, uma conversa natural, se torna envolvente. Horas conversando, se divertem, falam seriamente, falam a vida inteira em pouco tempo de conversa, já começam achar que é para casar rs. Nesse momento já estão no WhatsApp. Os dias passam e o contato se torna frequente , trocam muitas atenções ao logo do dia. Finalmente tem alguém para dar bom dia e boa noite, para sentir sua falta, para dividir a foto de seu prato de almoço, para falar que vai se atrasar, para falar o que fez durante o dia, para trocar mensagens carinhosas e outras coisas mais … Para distribuir esse amor que já está transbordando dentro de você.
E então, o silêncio, o sumiço, ou um bloqueio inesperado. Às vezes depois de uma frase mal escrita ou depois de uma pequena situação de incompatibilidade de ideias, um político diferente, ou qualquer outro tema vira motivo para o afastamento. Ou, simplesmente um “nada”. O outro parte sem justificativa. E você? Você começa a viver um pesadelo. Esse carinho tão bom de ter acaba de uma hora para outra, com ou sem explicação. O fato é que agora não tem mais quem te dê um “Oi”, não tem alguém que você possa dividir seu dia, não recebeu uma palavra carinhosa hoje, uma mensagem de alguém que se preocupa com você. O descarte vem sem sentido para você. Como assim? Depois de tantas trocas, de carinhos, de sintonias, de sonhos que sonhamos viver, do nada se acaba?
Pois é, parece inacreditável. Aquela alegria de estar com alguém acabou, deu espaço para a tristeza de estar só de novo. E vive uma tristeza imensa, angústia, solidão, até desespero. Um luto de um alguém virtual. Sim, falamos de luto, de perda, de separar o que nunca se uniu fisicamente, mas apesar de virtualmente, era quem mais participava de sua vida.
Nesse momento, você vive as fases do luto, como em relacionamentos tradicionais:
Negação (Não aceita o fim, não acredita que acabou: Essa pessoa não fez isso comigo. Não! De novo estou passando por isso, eu não acredito, eu não mereço.)
Barganha: (passa a aceitar migalhas para continuar esse romance, faz promessas de trocas com Deus, pacto com o universo, na esperança de reverter o quadro)
Raiva: Os pontos negativos crescem, passa a enxergar tudo que você se doou, percebe as injustiças, entra uma mistura de sentimentos intensos e incontroláveis. Por fim, a raiva impera. Os impulsos vêm, e suas atitudes revelam realmente o ponto final.
Depressão: Depois dessas fases, depois da raiva, chega ela, a tristeza, a culpa, o arrependimento.
Aceitação: Enfim, aquele sentimento que nunca mais seria feliz de novo vai passando lentamente. A nuvem negra que te segue vai te deixando aos poucos, a vida apática também vai desaparecendo. Você volta a viver com leveza, desfrutar os momentos, a paz vai se instalando, o colorido bem leve vai voltando a iluminar seus dias. A vida volta a seguir, serena, e você vai conseguindo desfrutar um pouco dela.
Vida que segue, novos amores parecem distantes, até que uma nova história se construa.
Viver amores virtuais é real. Acontece mais que imaginamos, e a sensação de impotência de todos é muito parecida.
Nosso alerta vai para as pessoas que estão vivendo de maneira dependente a essa parte da vida. Dependente, entenda como uma dependência de alguém ou de resposta de alguém, de se moldar para se encaixar com alguém, de viver a vida de alguém, perdendo sua identidade. Nosso alerta vai para aquele que passa a desenvolver a ansiedade da moda, a ansiedade de retorno de contatos em aplicativos de relacionamento. Ansiedade de quem fica refém dessa relação. Sua alegria depende dessa resposta, do seu bem estar com o “perfil” compatível (seja ele namoro virtual ou início de interação virtual).
Nessa situação você pode até desenvolver os sintomas dessa ansiedade, que passa a ser um diagnóstico. É uma ansiedade que afeta o humor, a mente, a alma. Os pensamentos estão exageradamente voltados para a pessoa virtual.
Você deixa a razão de lado, se desconhece e vive nessa prisão da vida virtual. Você até sabe o que deve fazer, mas não consegue, vê que horas se passaram e você de novo se perdeu no tempo. Não conseguiu fazer o que tinha se programado. O livro que fica te observando na estante, o amigo que não foi visitar de novo, e a família, que te cobra presença e de novo conseguiu (às vezes, seu corpo vai, fisicamente está presente, mas você mesmo não está lá, o celular te rouba muito mais os pensamentos, a atenção, a vontade que as pessoas presentes).
Você queria ter controle sobre sua vida bem programada, mas sua vontade sempre ganha. Sua vontade é de não fazer nada que não seja se manter no contato virtual, e suas tentativas.
Há casos, que além dos pensamentos intrusivos (ou seja, que você não domina, não tem controle), as pessoas entram em crises de ansiedade provocadas pelo mundo virtual.
Sintomas: Pensamentos que você não controla, espera pela resposta da pessoa, e, a cada sinal de mensagem, espera que seja de seu contato virtual, e, se for, o alívio vem. Se não for fica até triste ou desanimado para responder essa outra pessoa.
Bem, já falamos muito das dificuldades da relação virtual e seu luto, vamos pensar em formas do bem viver.
Fazer a programação com acompanhamento, ter disciplina, marcar horário, se programar para a vida pessoal, pois se não tiver atividade, vai se perder no mundo virtual, a agenda se enche fácil com ele.
Se já sabe de tudo isso e não está rolando, então, vamos pensar numa psicoterapia cognitiva comportamental para que você entenda seus mecanismos de funcionamento, que o processo terapêutico te leve a compreensão de seu pensar – sentir – agir (seu pensamento te traz um sentimento e esse sentimento conduz sua ação). É importante diferencias os sintomas que fazem parte de sua personalidade e os que fazem parte do diagnóstico (Pode ser o TAG – transtorno de ansiedade generalizada, pode ser o TOC, do transtorno obsessivo compulsivo, sim, esses pensamentos intrusivos, que traz uma sensação que está por acontecer algo ruim, de medo exagerado que não vai dar certo)
Saiba que seu sofrimento pode ser mais bem compreendido e tratado. Sim, as relações amorosas podem adoecer, sejam elas virtuais ou não, é um dos temas que mais desestabiliza o ser humano.
Espero poder ter feito você ter compreendido a delicadeza do tema, que está roubando o bem viver.
Um abraço demorado,
Por Psicóloga Ednea Dias
Indicação de livro/ Bibliografia
CONTATOLivro: Sobre a Morte e o Morrer
Música: Namoro virtual
Terapia Para Casal e Individual (crianças, adolescentes e adultos)
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