O que a pessoas com depressão podem falar ou pensar em silêncio? O número de pessoas que já pensou assim (preferia ter tido um câncer, perna quebrada, problema no coração, etc) é maior do que imaginamos. Normalmente esse pensamento provoca culpa, mas essa situação elucida o tamanho do desconforto das pessoas com essa doença emocional, a depressão.
“Preferia ter um câncer a ter depressão” – Sei o tamanho do impacto que essa frase traz, porém gostaria de dividir com vocês o que ouvi no consultório, ainda que traga essa perplexidade. Não me canso em tentar transmitir a mensagem para os leigos sobre a depressão. Chamo de leigos em algumas situações os amigos, familiares, profissionais da saúde e até o próprio paciente, sim, até o paciente pode não aceitar e acreditar nas condições e limitações que a depressão provoca, afinal, a pessoa não traz nenhuma doença “física”, nada a impede de andar, não apareceu nenhuma mancha ou caroço em seu corpo, sua fala está conservada, suas responsabilidades cobram a mesma agilidade de antes.
Como as pessoas em crise de depressão enxergam as pessoas acometidas por um tumor, por exemplo? Eles enxergam que pessoas acometidas com outras doenças são fortes, lutam, tem um diagnóstico que mostra: ela ficou doente e mais: tem uma trajetória a seguir para tratar a doença (se tira a “doença” por meio de uma cirurgia, se prevê tantas sessões de quimioterapia (remédio) para matar o tumor, a doença. Se de um lado o paciente com o diagnóstico de câncer é admirado, cuidado e recebe atenção de todos, do outro lado, o paciente com o diagnóstico de depressão se vê fraco, fica cheio de “inveja branca” da maneira como o doente com câncer é tratado: Admiração, compaixão, atenção… Tudo que o doente com depressão gostaria de ter.
Mas isso não é tudo: Ainda o doente com câncer tem o diagnóstico que passa a mensagem: Ele está com uma doença, ela começou de maneira involuntária, e o tratamento tem esse passo a passo a seguir, ou seja, tem um prognóstico. O doente com câncer não é cobrado caso a medicação não faça efeito.
Vamos agora imaginar o mesmo cenário para o paciente com o diagnóstico de depressão. Começamos em como se vê: culpado, e a doença começou pois estava sensível, se a medicação não faz o efeito desejado, parece que ele não está se esforçando. Acredita que sua doença traz estampado em sua imagem que é uma pessoa sensível. Apesar de alcançar o resultado no tratamento, nem sempre se reconhece após uma primeira crise de depressão, passa a ter medo de sentir isso de novo. Não se vê no controle da situação, uma vez que degustou incapacidade da depressão.
Vamos acabar com esses mitos! O paciente com depressão é um lutador, um vitorioso, não sede as negatividades que sua mente insiste em mentir. Uma pessoa que descobre uma nova vida, que encontra um motivo para se levantar todos os dias. Vamos seguindo assim, como um guerreiro contra a depressão!
O tratamento na linha cognitivo-comportamental tem um trabalho muito forte em como o paciente funciona, quais são suas crenças limitantes, suas crenças fortalecedoras, seus mecanismos de defesa, suas reações automáticas e assim, com esse diagnóstico personalizado de como o paciente “funciona”, são usadas técnicas de mudança de comportamento.
A prevenção de recaída é fundamental nessa linha. Se conhecendo bem é possível identificar algumas situações que servem de alerta e que antecede a crise. Perceber as tendências do paciente, usar técnicas para agir antes que a depressão apareça são fundamentais para o sucesso para abortar a crise da depressão.
Vamos praticar esporte! Vamos fazer psicoterapia! Porque os dias são para viver, ainda que tenha esse novo cenário.
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Autora: Ednea Dias (Psicóloga)
Palavra chave: Depressão, Psicoterapia. Câncer, Tratamento, Culpa, Medo, Psico-educação, Terapia Cognitivo Comportamental.
Veja os sintomas de depressão em:
http://diasparaviver.blogspot.com.br/2016/04/a-depressao-e-algo-incapacitante.html