Olá leitores, nas palestras do instituto de psiquiatria (IPQ) dessa semana, que nós do consultório de psicologia “Dias Para Viver” sempre acompanhamos, um tema me chamou a atenção pois foi comparado com a Magali, personagem da Turma da Mônica. Ela representa muito bem o transtorno de compulsão alimentar, exceto no final do ato de comer. Ela se sente bem depois que come, já os pacientes, ficam mal, com culpas e arrependimentos. Vejamos:
*Comer muito, muito, muito, depois de estar alimentado, até que se sinta incomodado de tão cheio?
*Comer muito rápido, devorar sem perceber ?
*Esconder das pessoas quando e quanto come ?
*Se arrepender logo em seguida de ter comido por ter perdido o controle de novo ?
Conhece alguém que age assim? Encontra embalagens de alimentos escondidas? A pessoa aproveita para comer quando está só? Se a resposta for sim, pode ser um transtorno de compulsão alimentar. Esse transtorno, ainda não reconhecido pela organização mundial da saúde, se trata com a ajuda de especialistas em sintonia: Psicólogo, Psiquiatra e Nutricionista.
Bem, para a psicologia, o alimento significa afeto. Porque a pessoa exagera no comer? Pois precisa compensar a falta e afeto? Por que precisa compensar um sentimento negativo que teve?
O trabalho em conjunto do psicólogo e nutricionista (ambos comportamentais), terá uma melhor eficiência para atingir os resultados obtidos na reeducação alimentar . O psicólogo não medica, mas, em conjunto com o psiquiatra, em suas sessões semanais, ajuda a identificar a eficiência da medicação.
Como outras dificuldades emocionais, quem tem o transtorno de compulsão alimentar é muito difícil de ser entendido. Para os leigos é fácil a solução: “É só não comer” . Para quem tem compulsão, chega a ser uma tortura: sabe quando temos um desarranjo intestinal e precisamos ir urgente ao banheiro? Então, essa sensação de precisar de algo urgente é semelhante à necessidade de quem tem a compulsão alimentar: “A pessoa precisa comer”, ainda que tenha acabado de comer, a pessoa escolhe um alimento e come, não consegue parar, come com voracidade, sem perceber, até que se acabe, e então, nesse momento que se dará conta da quantidade que comeu. Lógico que em seguida vem vários sentimentos negativos por não ter conseguido se controlar. Familiares e amigos, não adianta falar para a pessoa não comer, se o descontrole dela não obedece sua própria vontade, entenda que esse descontrole é maior também que suas palavras cheias de verdade, mas que é infinitamente mais fraca que o impulso que ela sente. Quer ajudá-la? Leve-a a um psicólogo.
Atendo muitas pessoas que não acreditam que um dia voltarão a ter controle no ato de comer. Sei o quanto se esforçam em vão, se frustram todas as vezes que se descontrolam, sofrem. Mas acreditem, é possível tomar um remédio que ajuda a trazer o controle desse ato de impulsividade, é possível mudar a maneira de se comportar, é possível trazer novos hábitos alimentares que aumentam esse controle! Sim, muitas pessoas são tratadas e não voltam a ter o descontrole. SIM, É POSSÍVEL!
Tem tratamento… o psiquiatra vai prescrever um remédio para controlar essa impulsividade. O psicólogo, se seguir a linha cognitivo comportamental, vai trabalhar as situações que o leva a comer, eleger algumas situações de risco e se prepararem para quando elas chegarem, utilizando-se de técnicas de mudança de comportamento, com foco no controle no ato de comer. O nutricionista não vai fazer nenhuma dieta, vai sim conhecer sua dinâmica alimentar e adaptar as melhores práticas alimentares voltada a cada pessoa, levando em consideração suas rotinas, seu paladar. Ah, já temos nutricionistas que seguem a linha comportamental também, esses têm uma sessão mais demorada pois estuda seu histórico de vida.
Enfim, saiba que é possível tratar esse comer compulsivo e viver bem sem as crises. O primeiro passo é aceitar que está na hora de iniciar esse tratamento. O interessante é que a pessoa chega no consultório por conta da compulsão alimentar, mas isso é apenas a ponta do iceberg. Os problemas latentes são outros, que levam as pessoas a adquirirem o hábito de comer compulsivamente. E é nisso também que trabalha o psicólogo.
Um abraço!
Psicóloga Ednea Dias