Sempre ouço por aí: Acho que sou bipolar.

Vamos lá: Bipolar (dois polos), está relacionado com alterações de humor, o chamado oito ou oitenta… é provável que todo mundo se sinta um pouco bipolar m algum momento mas quais pontos servem de alerta para um possível diagnóstico ?

O tema de hoje é mudança de humor comuns à maioria da população e transtorno afetivo bipolar.

É bacana identificar se a pessoa se enquadra em alguns sintomas da doença, quando essas oscilações trazem prejuízos, quando são sintomas que incomodam, quando outras pessoas percebem, quando se torna sofrido. Não significa que a pessoa tenha o transtorno afetivo bipolar, mas nessa fase já é indicado que se busque o apoio de um psicólogo.

Muitas vezes o estado de mania pode não ser frequente, mas se houve um único episódio de mania e depressão, já se encaixa no diagnóstico. Outras vezes é percebido oscilações entre as fases depressivas e agressivas (ou super irritáveis).

Para facilitar o diagnóstico, anote todos os sintomas e descreva-os ao seu psicólogo e médico em detalhes. Vale reforçar a necessidade de anotar os sintomas pois são eles que vão ajudar no diagnóstico e, não se faz nenhum exame , assim, o diálogo é que vai trazer o possível sintoma. Se a pessoa esquece de descrever algum sintoma, pode significar outro diagnóstico (ex. Se a pessoa só descreve a fase de depressão, esquece que uma semana antes a essa fase estourou o cartão de crédito em compras, ou estava “pilhada”, dormindo pouco e trabalhando muito, fez plano anual na academia, se inscreveu em cursos, comprou vários livros… etc, pode ser tratado como depressão e não despertar suspeitas do transtorno afetivo bipolar.

  • Tem sintomas de depressão, euforia, agressividade ou forte irritabilidade?
  • Quando começou a perceber?
  • Já pensou em suicídio?
  • Qual a intensidade dos sintomas? Em situações pontuais ou frequentes?
  • Seus sintomas inferem na sua qualidade de vida, em suas atividades diárias, no trabalho ou em seus relacionamentos?
  • Há histórico de transtorno bipolar na família?
  • Faz uso de drogas recreativas, álcool ou cigarros?
  • Quantas horas costuma dormir à noite? Tem oscilações entre insônia e sonolência?
  • Passou por alguma experiência traumática recentemente?
  • Houve alguma mudança significativa na vida recentemente?
  • Teve algum episódio de forte irritação ou agressividade (verbal ou física)?
  • Se castigar? Se culpa? Se arrepende?

Tipos de transtorno bipolar:

  • Transtorno bipolar tipo 1: pacientes apresentam pelo menos um episódio maníaco e períodos de depressão profunda. Antigamente, o transtorno bipolar do tipo 1 era chamado de depressão maníaca
  • Transtorno bipolar tipo 2: pacientes nunca apresentaram episódios maníacos completos. Em vez disso, elas apresentam períodos de níveis elevados de energia e impulsividade que não são tão intensos como os da mania (chamado de hipomania). Esses episódios se alternam com episódios de depressão
  • Uma forma leve de transtorno bipolar chamada ciclotimia envolve oscilações de humor menos graves. Pessoas com essa forma alternam entre hipomania e depressão leve. As pessoas com transtorno bipolar do tipo II ou ciclotimia podem ser diagnosticadas incorretamente como tendo apenas depressão.

Vamos lá aos sintomas comuns em cada fase, lembrando que não precisa ter todos os sintomas:

FASE DE MANIA/ EUFORIA:

O principal sintoma é um estado de humor elevado e expansivo, eufórico ou irritável. Nas fases iniciais da crise a pessoa pode sentir-se mais alegre, sociável, ativa, faladora, auto-confiante, inteligente e criativa. Com a elevação progressiva do humor e a aceleração psíquica pode surgir outros sintomas:

  • Irritabilidade extrema; a pessoa torna-se exigente e zanga-se quando os outros não acatam os seus desejos e vontades.
  • Distrair-se facilmente.
  • Redução da necessidade de sono.
  • Capacidade de discernimento diminuída.
  • Manter relações sexuais com muitos parceiros.
  • Gastos excessivos.
  • Hiperatividade.
  • Aumento de energia.
  • Pensamentos acelerados que se atropelam.
  • Fala em excesso.
  • Auto estima muito alta (ilusão sobre si mesmo ou habilidades)
  • Grande envolvimento em atividades.
  • Grande agitação ou irritação.
  • Compulsão alimentar, beber demais e/ou uso excessivo de drogas ou sexo.
  • Em alguns casos, não se lembra o que aconteceu, escreveu ou falou.

(isso para a mania do Tipo I – a do tipo 2 vem com sintomas mais leves – veja no final dessa matéria a diferença)

FASE DE DEPRESSÃO

O principal sintoma é um estado de humor de tristeza, angústia, desespero ou desânimo (ás vezes as pessoas descrevem como preguiça)

Pense e veja se se identifica com alguns dos sintomas:

  • Preocupação com fracassos ou incapacidades e perda da auto-estima. Pode ficar-se obcecado com pensamentos negativos, sem conseguir afastá-los;
  • Sentimentos de inutilidade, desespero e culpa excessiva;
  • Pensamento lento, esquecimentos, dificuldade de concentração e em tomar decisões;
  • Perda de interesse pelo trabalho, pelos hobbies e pelas pessoas, incluindo os familiares e amigos;
  • Preocupação excessiva com queixas físicas, como por exemplo a obstipação;
  • Agitação, inquietação, sem conseguir estar sossegado ou perda de energia, cansaço.
  • Alterações do apetite e do peso;
  • Alterações do sono: insônia ou sono a mais;
  • Diminuição do desejo sexual;
  • Choro fácil ou vontade de chorar sem ser capaz;
  • Ideias de morte e de suicídio; tentativas de suicídio;
  • Uso excessivo de bebidas alcoólicas ou de outras substancias;
  • Perda da noção de realidade, ideias estranhas (delírios) e «vozes» com conteúdo negativo e depreciativo;

Por vezes o/a doente tem, durante a mesma crise, sintomas de depressão e de «mania», o que corresponde às crises MISTAS.

Bem, esse texto visa trazer informações que ajudem a pessoa a perceber relações entre ela e a doença, e que entre em contato com um especialista para o correto diagnóstico. A maioria dos pacientes demoram muito para conseguir o correto diagnóstico.

Há grandes possibilidades de controlar a doença, através de medicamentos estabilizadores do humor, cuja ação terapêutica diminui muito a probabilidade de recaídas, tanto das crises de depressão como de mania e antidepressivos.

O tratamento psicológico individual e orientação familiar é um complemento indispensável para o tratamento.

Espero ter sido útil… veja também o link que traz o critério diagnóstico segundo a organização mundial de saúde.

http://diasparaviver.blogspot.com.br/2016/09/transtorno-afetivo-bipolar-segundo-o.html

 

Por Psicóloga Ednea Dias

Palavras chaves: Transtorno afetivo bipolar; transtorno do humor; bipolaridade; depressão; irritação; stress; insônia; angústia; diagnóstico; psicologia; terapia; tratamento.